segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Cozinha Indígena Mapuche De Anita Epulef. Parte 5: A receita do pão que contêm os quatro elementos

O Multrem é o pão ancestral dos Pehuenches. Contêm os quatro elementos: água, terra, ar e fogo, os fragmentos da matéria original. É feito com trigo, ou pinhões de Araucária. De acordo com Anita, coloca-se o trigo em uma fonte e, sobre ele, um punhado de cinzas do fogo. A seguir, coloca-se  um pouco de água nas mãos, também  jogando-a sobre o trigo. Com os pés, pisa-se no trigo, misturando água, trigo e cinzas. (Observação: para dois pratos coloca-se um quilo de trigo). Lava-se esta mistura com água, ficando o trigo completamente limpo, branco. Depois, põe-se a cozer com água fria, deixando dez minutos em fogo normal.  O trigo deve ficar ao dente, deve ser peneirado, deixando escorrer toda a água e colocando-o para secar. Finalmente, numa pedra, o trigo deve ser moído, ficando um farelo úmido para posteriormente se armar os pãezinhos. Este pão é especialmente utilizado para oferendas, e só depois compartido entre as pessoas.
Percebe-se que esta “receita” deve ser elaborada sem pressa, “sentindo” o procedimento.  E todo sentir, parece então, se transformar em saber....     Entre chimarrão e chimarrão a conversa tinha se estendido por muito mais de uma hora, e sabíamos que Anita deveria retomar suas atividades. Antes de partir agradecemos a gentileza de ter-nos recebido, sabendo que no futuro nossos caminhos voltariam a se cruzar. E, enquanto voltávamos para nosso hotel, ficamos refletindo sobre uma frase que Anita fez questão de remarcar: “Os pais Mapuche observam constantemente as crianças, verificando e incentivando as habilidades de cada uma. Elas são ensinadas a agradecer a terra, especialmente durante a oração da manhã, o Nillan Mahuil. Pais e mães têm papeis bem definidos  e são elas que conservam e  perpetuam os  ensinamentos e as tradições  para os filhos, de geração em geração.”
 


Multrem com cogumelos silvestres.  ( O pão que contêm os  quatro  elementos )


Anita


Delícias de Anita em Curarrehue
 
 




A Cozinha Indígena Mapuche De Anita Epulef. Parte 4: Os alimentos primordiais dos Pehuenches

E quais são os alimentos originais da sua comunidade? “Além dos pinhões, temos a quila, a quinua, a linhaça branca, a mutilla e os fungos silvestres (changles, ngnollo, língua de vaca, picke, gargl, digueñes). É respeitando, e de acordo com os ciclos da natureza, que nos alimentamos. Na primavera comemos brotos, talos, fungos e flores. No outono, comemos as sementes da estação: avelãs, maquis, boldo e pinhões. Já no inverno, os frutos são guardados, então comemos pimentão, ají (pimentão), mesken, e grande variedades de cebolas, como as chalotas, que são  cebolas com folhas verdes. E também carne, que é  propícia para esta estação”. A cozinha mapuche original não utilizava a  carne, ela foi incorporada. Diferentemente dos costumes europeus, os Pehuenches não comem tanta mistura e variedade de alimentos no mesmo almoço. O prato é único e acompanhado com ají e pão. Não tem salada, sobremesas nem sucos. Os adultos finalizam as refeições bebendo mate chimarrão, ou água de ervas.
Sobre a comida Mapuche, vale dizer que tivemos o prazer de degustar vários dos pratos de Anita (guisados, saladas de quinoa, multrem com cogumelos, pães, etc). Todos eles possuem uma agradável fineza na apresentação e combinação de sabores. Os temperos que acompanham as comidas são, simplesmente, maravilhosos. Podemos afirmar que, através da comida de Anita, é possível sentir parte do espírito Mapuche. É só fechar os olhos e deixar o sentimento tomar conta do momento. Recomendamos para todos aqueles que planejam visitar Pucón, não deixem de conhecer Curarrehue, e experimentar as delicias da Anita


Salada de quinoa, pimentão, cenoura  e milho.
 Guisado com batatas, ají, pinhão e  chalotas

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Espiritualidade Cuida de Laranja da Terra no IMA

Trouxemos de nossa última visita ao IMA ( Instituto de Medicina do Além), em Franca/SP,  uma quantidade considerável de laranja da terra para fazer compota.  Ainda pudemos aproveitar a produção final das laranjeiras, cuja beleza pode ser vista na foto.   Se esse é o final da produção, imaginem como não estava o pé de laranja no início da safra?  No IMA todas as frutíferas ficam carregadíssimas, e o sabor delas é precioso.  Essa fartura deve-se tanto ao Guilson bem como à professora Cleonice, mas, além do cuidado humano, os índios, que cuidam metafisicamente do sítio, são igualmente responsáveis por toda essa beleza e sabor.


Ganhamos também mudas de jaca anã, cujo pé e frutos são anãos.  Não vemos a hora de eles estarem produzindo aqui em Fanestai.  Tivemos a deliciosa oportunidade de provar uma iguaria do Egito: a geléia de ibisco egípcio, feita no próprio IMA pelo Gilson.  É fabulosa!  dentro de pouco tempo também teremos aqui a mesma geléia, porque as sementes de ibiscos que ganhamos do Gilson há meses atrás, já cresceram e estão dando as primeiras flores, e depois delas, vem o momento de colher para fazer a geléia.   Até lá, ficamos somente na vontade, e guardamos na lembrança o delicioso gosto do ibisco dos faraós.